As imagens falsas percorrem media no mundo inteiro
Dois pequenos submarinos navegam lentamente sobre o fundo do oceano, iluminando-o com os seus focos de luz. É o que se vê nas imagens distribuídas pela Reuters e que rapidamente se espalharam pelo planeta. Integravam um pacote noticioso referente à missão em que exploradores russos colocaram uma bandeira sob o Pólo Norte, a quatro mil e duzentos metros de profundidade, no passado dia 2 de Agosto. Não fosse um adolescente finlandês, e a verdade acerca daqueles submarinos poderia nunca ter vindo ao de cima.
Waltteri Seretin, de 13 anos, vive em Kemi, 450 quilómetros a norte de Helsínquia, na Finlândia. Já viu o Titanic, com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, por diversas vezes. Foi talvez por isso que, quando se deparou com as fotografias dos submarinos russos no jornal diário Ilta-Sanomat, percebeu que estavam a meter água.
"Estava a olhar para a fotografia da expedição russa e reparei imediatamente que havia alguma coisa que me era familiar", disse o rapaz ao jornal inglês Guardian. "Verifiquei no meu DVD [do Titanic] e lá estava, mesmo no princípio do filme: exactamente a mesma imagem dos submarinos a aproximarem-se do navio."
O filme de James Cameron sobre o naufrágio de 1912 abre com uma cena de minissubmergíveis num mergulho para inspeccionar os destroços do RMS Titanic. Essas imagens foram, de facto, feitas no local do desastre, no Atlântico Norte, há cerca de dez anos, e aproveitadas pelo realizador para integrar o blockbuster americano.
Mas então, antes de correrem televisões e jornais de todo o mundo, como foram as imagens do filme de 1997 parar ao pacote distribuído pela Reuters?
A agência admite que as retirou de um trabalho transmitido pelo canal estatal russo RTR, e que erradamente as catalogou como originárias do Árctico. O material distribuído incluía vídeos, onde estavam as cenas de Titanic, juntamente com animações feitas por computador e filmagens dos navios à superfície, durante a expedição. Duas das quatro fotografias que integravam o pacote eram do filme de James Cameron.
Aparentemente, com o intuito de "colorir" as reportagens, a RTR usou as imagens da produção de Hollywood para ilustrar as histórias da expedição do Kremlin que pretendia conquistar os direitos sobre as riquezas do Árctico.
O canal afirma que nunca as referiu como sendo realmente da operação de colocação da bandeira. No entanto, enquanto na reportagem se alteravam com imagens reais, no ecrã podia ler-se "norte do Oceano Árctico". À medida que as imagens de Titanic passavam, ouvia-se a voz do jornalista russo: "Quando o minissubmarino chegou aos 300 metros, começou a operação do segundo submarino". Na verdade, as imagens foram emitidas pela primeira vez pela televisão russa quando a expedição ainda se encontrava a várias horas de atingir o pólo.
Curiosamente, os dois submergíveis utilizados pelos cientistas russos, Mir-1 e Mir-2, são fabricados por uma empresa finlandesa e foram usados por Cameron no seu filme. Contudo, pensa-se que a cena transmitida pelo programa noticioso da RTR terá sido originalmente filmada com modelos à escala, e dentro de um estúdio.
A Reuters já apresentou as suas desculpas pelo erro cometido, introduzindo textos referentes às várias origens e localizações das filmagens incluídas no pacote sobre a expedição.
Nas declarações, a agência afirma que "identificou erradamente as filmagens como sendo originárias do Árctico, e não do Atlântico Norte" e "o erro de localização foi corrigido".
O incidente, por si só, já é embaraçoso para a Reuters. Mas, além disso, relembra o facto da agência ter cometido outro erro em Agosto do ano passado, quando publicou uma fotografia de um freelancer sobre os bombardeamentos israelitas no Líbano. A imagem havia sido manipulada com a adição de fumo saindo de edifícios, alegadamente, em chamas.
Depois de mais este percalço, a agência noticiosa promete reforçar o controle de material distribuído em seu nome.
in dn
domingo, 12 de agosto de 2007
Jovem de 13 anos descobre erro em notícia da Reuters
Dito por
JB
às
11:28
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